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Acupuntura: afinal, o que é isso?

Adriana Tristão trabalhava com turismo quando um curso de graduação em Medicina Tradicional Chinesa abriu em Belo Horizonte. A mineira, que desde criança era fascinada por terapias alternativas, não pensou duas vezes. No lugar dos pontos turísticos, passou a estudar os pontos da acupuntura que são a chave para a nossa saúde e equilíbrio. Nessa viagem pelo corpo do paciente, suas emoções e características é que mandam no roteiro de locais visitados pelas agulhas.

Falando em viagem, logo após se formar, ela morou na China por mais de 3 anos, período em que fez uma profunda imersão no assunto. Agora se prepara para voltar ao país com a família e viver novas experiências.

Mas antes disso Adriana tem uma conversa afinada conosco no último post da série Afinal, o que é isso?. Hoje ela explica aqui como funciona esse tratamento milenar indicado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) para curar mais de 200 patologias. Fica aqui nosso desejo que ela tenha uma nova fase deliciosa!

Confira a entrevista:

Conta um pouco sobre você e sua trajetória. Como chegou à acupuntura?
Eu me formei em Belo Horizonte em uma universidade que tinha convênio com a China. Estudei a teoria durante 5 anos, tive aulas com professores chineses. Foi bem intenso. Depois fui estudar em Pequim para fazer a parte prática em grandes hospitais. Fiquei 3 anos e 10 meses lá, estudei mandarim, estagiei em diversas áreas: fitoterapia, acupuntura, terapias corporais. Passei por diversas experiências. Montei minha clínica no Rio, agora estou em São Paulo e, no final de agosto, retorno à China, para adquirir novos conhecimentos. Vou morar em Xangai com a minha família.

O que é acupuntura?
Acupuntura é um dos ramos da medicina tradicional chinesa – que também abrange a fitoterapia (tratamento das patologias feito com ervas em forma de chá, de pílulas, emplastos), dietoterapia (orientar o paciente a se tratar com a alimentação de acordo com o diagnóstico de cada um) e terapias corporais (Tai Chi Chuan, Chi Kung, Lian Gong). Todos esses ramos visam o equilíbrio energético. A acupuntura é uma dessas especialidades, uma forma de tratamento milenar. O nosso corpo é uma rede energética composta por grandes meridianos que regem os órgãos e por suas ramificações. Todas as micropartes do nosso organismo são conectadas. Quando você coloca uma fina agulha num ponto exato, você faz com que a energia seja dispersa, sedada, tonificada. Quando o profissional conhece a ramificação interna, ele consegue planejar uma combinação incrível de pontos. Ele é capaz de fazer com que a agulha trabalhe o extremo oposto do corpo, vai modulando essa energia a partir de um conhecimento profundo sobre todos os trajetos. Há uma difusão de hormônios, de neurotransmissores do sistema nervoso central, que modulam, regulam a dor, diminuem o estresse e acalmam a mente.

Em quais casos ela é aconselhada?
Em praticamente todos os casos. Muitas vezes, dentro da medicina tradicional chinesa é feito um diagnóstico e a acupuntura é aconselhada em conjunto com outros tratamentos. Doenças mais crônicas, internas, precisam de um tratamento com ervas que atue de maneira mais eficaz. Quase sempre a acupuntura é aconselhada, mas não necessariamente ela é o tratamento mais adequado. Em alguns casos, entendemos que um paciente pode precisar de um antibiótico, a medicina tradicional chinesa trabalha junto com a medicina ocidental. Mas ela é muito aconselhada em casos de dor, ansiedade, altos níveis de estresse, enxaqueca, insônia, dores de estômago, infertilidade… Cada paciente é tratado de uma maneira específica. É feito um diagnóstico muito minucioso que observa a língua, o pulso, todos os sintomas relatados pelo paciente, a coloração da pele dele, o brilho no olhar, o cabelo. Tudo é importante para o terapeuta. Se é excesso de energia, se é uma deficiência de yin ou yang. A partir disso, um plano de tratamento será traçado. A acupuntura faz com o que o corpo volte a um estado energético mais equilibrado.

O que é yin e yang? A acupuntura reequilibra essas energias?
Sim. Na visão da medicina chinesa, nosso corpo todo e natureza são compostos pelas energias yin e yang. O sol, por exemplo, é yang, durante o dia temos influência dessa energia. A noite é regida pelas estrelas, pela escuridão, temos a influência da yin no corpo. A energia da natureza, do meio ambiente, as estações do ano… Tudo isso influencia na nossa saúde. No nosso corpo, a região das costas é mais yang se comparada à frente, à área dos órgãos internos, onde a energia yin flui mais. Muitos sintomas são relacionados a essas energias. Quando uma pessoa tem deficiência da energia yang, o metabolismo é mais lento, falta calor,  ela é mais friorenta. Já a pessoa com deficiência yin apresenta calor, falta o resfriamento do corpo. Ela tem sinais de secura, bochecha vermelha, boca seca.

E em quais casos a acupuntura não é aconselhada? Existe algum?
Em alguns casos ela deve ser usada com cautela. Pacientes idosos muito debilitados, por exemplo, estão com a energia fraca, então você deve tomar cuidado para não movimentá-la demais. A escolha de pontos deve ser feita com muita responsabilidade, a energia deve ser apenas tonificada. Outra alternativa é não fazer acupuntura e tratar o paciente com dieta e ervas.

Como as agulhas interferem no nosso humor?
Um diagnóstico sempre deve ser feito. Cada estado de humor é tratado de uma forma. O paciente pode estar extremamente deprimido, cansado, ou pode estar com muita impaciência. São estados de humor diferentes. Uma pessoa que está com a energia do fígado muito estagnada, fazendo que a energia yang aumente, pode ficar com gosto amargo na boca e com enxaquecas, por exemplo. A combinação de pontos vai ser escolhida para fazer a energia do fígado fluir melhor.

Quais aspectos devem ser considerados na hora de descobrir os pontos de uma pessoa?
Todos os aspectos devem ser considerados. O profissional deve entender muito bem os trajetos, as conexões dos meridianos, porque eles têm conexões superficiais internas. Os mais superficiais que se conectam com a parte mais interna no corpo, assim como a parte mais alta e mais baixa do corpo. Ele precisa entender esse trajeto de maneira muito profunda. Se o paciente tem uma dor de estômago, por exemplo, o profissional precisa entender o motivo, se é deficiência ou excesso de energia. Alguns pontos nutrem, outros sedam.

O tempo de tratamento varia de pessoa para pessoa?
Sim. Ele vai variar de acordo com o tempo que a pessoa apresenta a patologia, o quão crônico está e até a maneira como cada corpo reage. Em algumas pessoas ela é rápida, em outras demoram. Sedar a energia é mais fácil que nutrir. Soltar a estagnação de energia, como uma dor, um torcicolo. Casos mais crônicos, como  insônia, enxaqueca, precisam de mais tempo de tratamento. O paciente também interfere e tem uma participação ativa no tratamento. A entrega, o querer. Toda a parte mental, a confiança, tudo isso influencia.

Qual é o seu conselho quando a pessoa tem a pele muito sensível à dor?
Podem ser tratadas de outras maneiras. Através das orelhas, de moxabustão – que é o aquecimento dos pontos a partir da artemísia -, as massagens, a pressão nos pontos, a ventosa. Mas eu sempre indico tentar um relaxamento, respeitando o paciente, até que se acostume, aceite e receba melhor. A dor praticamente não existe, é suportável.

Quais os principais pontos a serem observados pela acupuntura?
Temos vários aspectos a serem observados. Primeiro é o relato do paciente, qual é a queixa principal dele. Depois será feita uma série de perguntas. Sobre sua urina, seu emocional, circulação do sangue, temperatura do corpo e das mãos, unha, cabelo, o olhar, a face, se ele é abatido, a vivacidade dele. O andar, o tom da voz. A observação da língua e do pulso. Tudo isso mostra as condições dos órgãos do paciente.

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MARIA FILÓ © 2024 Todos os direitos reservados.