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Sensibilidade estética em prol da criatividade

 

Marina Ribas | Arquitetura Emocional
Foto: Leo Martins

Quando você pensa em arquitetura e décor, vem à sua cabeça aquelas reformas que botam tudo abaixo e substituem os objetos antigos por novos? Há 4 anos, a criativa Marina Ribas criou dois conceitos inovadores e sustentáveis que subvertem esse lugar comum: a Arquitetura Emocional e o Non D’ecor, que reinventam os espaços de maneira afetiva, recuperando o valor de peças abandonadas.

Aqui na Maria Filó, Marina usou essas vertentes criativas para desenvolver um lindo projeto que humanizou nosso escritório. A partir de objetos aparentemente sem significado, ela trouxe uma nova atmosfera ao espaço, que respeita nossa história e aguça nossas memórias emocionais.

Essa sensibilidade estética vai além. “Acredito que a criatividade e a funcionalidade das coisas podem se aterrissar em vários mundos”, conta ela, que hoje também abraça projetos de cenografia, Visual Merchandising, direção de arte, identidade visual, branding de estilo de vida (quando uma pessoa de apresenta como marca) e ainda dá aula no IED (Instituto Europeo di Design). Ufa!

Quer dizer, não para por aí. Marina tem cada vez mais flertado com o universo das artes plásticas. Ao lado do Fred Gelli, seu marido, acabou de participar do processo lúdico de co-criação da marca do Parquinho Lage, nova escola de arte para crianças que homenageia o artista Palatnik e deve inaugurar mês que vem.

Que ela continue nos encantando com sua sensibilidade, originalidade e criatividade!

Marina Ribas | Arquitetura Emocional
Foto: arquivo pessoal

Para começar, queremos um pouco saber sobre você. Conta um pouco sobre sua trajetória profissional.
Minha formação foi em Design, com habilitação em Design de Produtos e Comunicação Visual. Durante a faculdade, eu trabalhava no escritório de arquitetura do Hélio Pellegrino, que usava material de demolição e revia a função dos objetos, hoje prática bem comum no universo da arquitetura. Na época era inovador, então foi uma experiência maravilhosa, aprendi muito. Depois montei um ateliê com uma amiga, fizemos vários objetos de acrílico, como luminárias e painéis, para vender. A criação sempre fez parte do meu universo. Depois me tornei freelancer, segui meu caminho sozinha no Design de Produtos. Foi então que me juntei com uma amiga, a Lola Lustosa, em 2006, e criamos uma marca de roupas fitness superfashion. Queríamos tirar o fitness desse lugar esportivo, para sair de casa toda linda sem precisar estar de legging. Depois dessa fase inicial, me tornei coordenadora de VM, juntei os ambientes da arquitetura, do design e da moda num lugar só. Estava em crise, eu queria ser designer gráfica, trabalhar com decoração e moda. Descobri o VM como oportunidade de juntar esses 3 universos. Trabalhei em outras marcas, paralelo a isso tinha meu projeto de artes plásticas. Depois parti de novo para a carreira solo.

Como você define o conceito de Arquitetura Emocional?
É um conceito que ressignifica os espaços, traz a capacidade de reinventar um ambiente com o que tem nele, recupera o valor de peças que antes estavam abandonadas. O trabalho de arquitetura emocional fala muito desse reaproveitamento, desse olhar.

E o de Non D’ecor?
Não acredito num trabalho de decoração que não leve em conta a verdade de quem mora no lugar. Gosto muito de pensar num espaço com a verdade e as memórias afetivas daquela pessoa impressas nele. Objetos importantes que construíram uma base para ela se desenvolver. Às vezes um objeto parece não ter significado, mas conversando com o morador, você descobre uma história por trás. Às vezes, decoradores ignoram a vida da pessoa. O conceito do non d’ecor não acredita numa decoração fria, mas humana. A capacidade de olhar para o lugar e ver as potências que ele tem, entender como as pessoas desfrutam do espaço, depois o que tem valor para ser mantido e o que pode ser descartado.

Como foi o processo de aplicar a Arquitetura Emocional aqui na Filó?
No trabalho que fiz para a Maria Filó, olhei para o acervo do VM, da equipe que tinha o material de vitrine. Em vez de fazer um novo projeto, reformular a empresa, meu desafio foi de captação e imersão de valor humano a partir do recurso interno. Eu fiquei durante 3 meses trabalhando dentro do escritório, entrevistando as pessoas, tive uma visão muito global. Fiz uma catalogação do que eu achava ser interessante de reaproveitar e como aquelas peças abandonadas poderiam ganhar outro valor. Pegamos sobra de tecido do estoque e desenvolvemos as luminárias junto às costureiras, resgatamos peças e usamos no décor das paredes. Foi um trabalho de resgate, reorganizamos o espaço, revestimos as peças, reformamos o mobiliário com material interno.

O design é sua maior paixão?
A minha paixão é a existência. Minha verdadeira paixão é todo esse processo criativo de sensibilidade estética. Por isso ficava em crise quando era mais nova e não tinha tanta experiência. Acredito que a criatividade e a funcionalidade das coisas podem se aterrissar em vários mundos. Tanto do Design de Interiores quanto no Design Gráfico. Abraço muitas frentes. Sou uma figura criativa e sensível. Pensar um espaço físico demanda uma energia criativa igual a eu fazer um trabalho de arte ou design. O que muda são a materialização de trabalho, que usam técnicas diferentes, e relacionamentos profissionais que criamos, eles trazem muito aprendizado.

Marina Ribas | Arquitetura Emocional
Foto: arquivo pessoal

Quais são suas principais referências estéticas e criativas?
Gosto muito do período neoconcreto, do modernismo. A arte é minha maior fonte de inspiração. Cada movimento artístico teve um valor extremamente importante. Claro que tem alguns artistas que amo. Ontem, ao encontrar o Palatnik, eu dei uma “choradinha” de emoção. Inevitável estar diante de uma figura tão importante e não se emocionar. E viajar, a vivência em outros lugares, ver novas arquiteturas, formas de se relacionar, outros espaços, a luz do sol… Tudo isso também me inspira muito.

Dá para perceber que sua relação com a moda é forte. O que ela representa para você?
Eu sou uma figura romântica nos conceitos. O romance com a moda está também nesse lugar da arte, de comportamento. A primeira casa, primeiro invólucro do ser humano é a roupa que ele veste. Depois do ambiente, depois o espaço arquitetônico, depois a cidade, o país… Numa escada de contato com o ser humano, acredito que a moda tenha esse lugar de abrigar o ser humano e oferecer a ele comportamentos estéticos e sociais de posicionamento. Ela é mais uma forma de expressão.

Marina Ribas | Arquitetura Emocional
Foto: arquivo pessoal

Olhando seu Instagram, vimos que você é rodeada por objetos que remetem à natureza.
Moro no meio da floresta, um apartamento que parece uma casa. Eu acordo e vejo três tipos de macaco. Um com uma mão amarela, um rostinho branco e uma cauda gigantesca superfashion. Ele pega o rabinho e bota em volta do pescoço como se fosse uma echarpe. (risos). Tem o macaco prego, inteligentíssimo, besouros, borboletas… Eu coleciono numa cristaleira insetos exóticos que encontro mortos na minha casa. Uns 50. Fui criada em meio à natureza, é vital, é saúde. Minha casa tem uma quantidade plantas incomum para um apartamento. A natureza humaniza o espaço, traz a gente para um lugar mais ancestral.

Marina Ribas | Arquitetura Emocional
Fotos: André Nazareth

Quais são os 5 objetos mais afetivos do décor da sua casa?
Minhas instalações, as camas que eu e meu marido usamos no lugar dos sofás, a coleção de cadeiras de design, os objetos que vieram de herança da minha vó e os objetos da cozinha que eram da mãe do meu marido, como o caderninho de anotação e as panelas.

Vimos também que seu marido tem um belo piano. Qual música que ele toca mais te emociona?
Eu e me marido compusemos uma música juntos para o convite do nosso casamento. Nós dois nos emocionamos. O convite é um vídeo que com nossos nomes aparecendo na tinta dourada, botamos a música no vídeo e mandamos para as pessoas. Era muito diferente. Meu marido também é designer, nossa casa é pura natureza e arte, ela respeita nossa natureza criativa. Chamamos de “Casa da Floresta”.

Quais características da sua personalidade mais te ajudam na sua profissão?
Sensibilidade, criatividade, olhar humanista, flexibilidade, intuição e amorosidade.

 

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