Moda, uma paixão escultural
Matheus cresceu rodeado pelas linhas, tramas e recortes. Filho de costureira e apaixonado por desenhar, o designer sempre soube que seguiria carreira com viés artístico, mas ainda não tinha certeza se seria arquitetura ou moda. Quando chegou a hora de escolher em qual profissão embarcaria, o dom passado de mãe para filho falou mais alto.
Hoje integrante do nosso time de Estilo, ele consegue trazer suas referências estéticas da arquitetura para as linhas Suite e Noite. Entre formas, geometrias, estruturas e proporções, Matheus ajuda a criar visuais esculturais que transformam qualquer estado de espírito. Além do processo de criação, é isso que mais o encanta: ver uma pessoa se sentindo maravilhosa ao vestir as roupas desenvolvidas por sua equipe.
Confira a entrevista:
Conta um pouco sobre sua trajetória. Como veio parar na Maria Filó?
Primeiro eu fiz Belas Artes e me formei em figurino. Estava na metade do curso, participei de um concurso e ganhei uma bolsa para estudar moda. Encarei o desafio de fazer as duas faculdades ao mesmo tempo. Me formei e trabalhei com figurino de ópera, teatro. Sempre fui muito artístico, tenho aptidão para desenho. Entrei aqui há 2 anos e meio como estagiário, fui promovido e agora estou como assistente nas linhas Suite e Noite.
O que você mais gosta na sua profissão?
Desenhar, criar. Trazer referências para a nossa realidade. Atingir expectativa de quem veste, desenvolver uma peça que faça a mulher se sentir bonita, atender as necessidades dela. Criar uma peça e depois ver alguém usando, se sentindo maravilhosa.
Como você começou a desenhar?
Sempre desenhei. Sabia que ia estudar artes, arquitetura ou moda. Gosto muito de arquitetura. Mas acho que a herança da minha mãe gritou mais forte. Ela é costureira há 20 anos, tem uma confecção. Não tinha como não ser isso, sempre tive contato com a criação de roupas. Sou o único dos 3 filhos que seguiu o mesmo caminho que ela.
Vocês são muito próximos, né?
Unha e carne. A gente faz tudo junto.
Você consegue trazer a arquitetura para a moda?
A moda bebe muito da arquitetura como referência, tanto estética, quanto de proporções e modelagem. São áreas correlativas, consigo trazer essas inspirações da arquitetura para a moda.
Além de comer um docinho todo dia, o que mais você faz para adoçar a vida?
Trabalhar com o que a gente sempre quis é muito bom. Uma das coisas que mais gosto é falar que sou designer. Trabalhar com o que se gosta é 80% de um bom trabalho. É fundamental para ter um dia legal, passamos tanto tempo trabalhando. E sair no final de semana, viajar, fazer passeios culturais.
Como é a sua relação com a moda? O que ela significa para você?
A moda é fundamental para o cotidiano, para as relações interpessoais. A roupa diz muito sobre o que você é, suas ideias, seu humor. Uma maneira de você se expressar. Expresso não só meu jeito, mas transponho toda a minha visão quando desenvolvo produtos. Tem um pouquinho de mim, é um apanhado de referências que trago de toda a minha vida. Moda é acumular um monte de coisa e criar.
Como você descreve seu estilo?
Sou básico, minimalista, moderno, clássico. Jaqueta com corte de alfaiataria, uma perfecto, uma calça mais seca.
Você tem 2 irmãs e 2 sobrinhas, é o único homem da sua família. No Estilo da Maria Filó, você trabalha com muitas mulheres. Como é estar rodeado por nós?
Muito fácil. Passei muito tempo da minha vida com minha mãe, uma figura feminina que topa tudo e corre atrás de tudo comigo. Mulher é muito guerreira, múltipla, faz acontecer, é forte, tem um jogo de cintura maior. Sabe se expressar muito bem. É muito mais fácil para uma mulher se expor, falar.
O que é mais bacana entre suas atividades?
A criação, desenhar. Minha chefe me dá total liberdade, ela sempre me incentivou. Temos uma relação incrível. Adoro buscar inspiração, desenvolver o produto dentro da nossa linha.
Se você tivesse uma máquina do tempo, para que época você iria?
Anos 20. A moda seguiu um novo caminho, houve mudança de silhueta, artística, de pensamento. Eu gosto muito de arquitetura modernista, tudo era novo, devia ser bom para criar. Hoje é mais difícil criar algo novo.
Uma viagem inspiradora e por quê.
França. Sempre tive o sonho de conhecer, é um país referência para a moda. Você consegue ter acesso a todas as referências criativas que você viu na vida. O tema do meu projeto de graduação é a Villa Savoye, do arquiteto francês Le Corbusier, que tive a oportunidade de conhecer nessa viagem. Foi muito inspirador, voltei outra pessoa.
O mundo é seu ou você é do mundo? Eu sou do mundo.
Camisa ou camiseta? Camiseta.
Preto ou branco? Preto.
Real ou surreal? Surreal.
Eu mudo a moda ou a moda me eu muda? Eu mudo a moda.
Sem dor ou sem pudor? Sem dor.
Poá ou listras? Listras.
Mente ou corpo quente? Corpo quente.
Mar ou montanha? Mar.