Dia dos Avós
E quando eles pensam que já vivenciaram toda a intensidade que o amor pode oferecer, os netos chegam e provam que a vida é uma eterna descoberta. Eles apresentam uma nova forma de amar, um sentimento livre de medo, mais maduro, que atravessa gerações, rejuvenesce e transforma.
Mesmo tão especial, pouco se fala sobre ele. A internet está repleta de conteúdos sobre maternidade, mas quando o assunto é avosidade, as opções são restritas. Foi por isso que a Elisabete Junqueira criou, há exatos 4 anos, um portal dedicado ao tema, trazendo histórias, aprendizados, dicas e muito mais. De quebra, ainda aproxima a 3ª idade do ambiente digital.
Hoje, no Dia dos Avós, batemos um papo com ela sobre essa relação única e grandiosa. Para a Elisabete, fica aqui nosso desejo de um dia repleto de abraços e trocas inesquecíveis!
Confira a entrevista:
Como e quando surgiu a ideia de criar o Avŏsidade?
O avŏsidade surgiu porque nasceu o meu neto mais velho, Mateus, e percebi que a dinâmica das famílias tinha mudado muito. Procurei na ocasião informações sobre essa nova fase e achei pouquíssima coisa que tratasse da relação de avós, pais, filhos e netos. Poucos livros, alguns artigos e nenhum veículo que tratasse o tema de forma regular. Levei dois anos pesquisando o assunto antes de lançar o portal. Depois de me tornar avó, descobri que existia o Dia dos Avós. O avŏsidade foi lançado em 26 de julho de 2015, no “Dia dos Avós”.
Qual foi seu maior aprendizado desde a criação do site?
São muitos aprendizados. Nos textos dos colaboradores do site, que são especialistas nas suas áreas, ou nos textos de simples avós e netos, e também nas entrevistas, há uma quantidade enorme de ensinamentos e experiências vividas com intensa emoção. Intensa também é a nossa interatividade com o público, seja diretamente no site, seja nas redes sociais, onde o avŏsidade também é bem ativo. Cada avó ou avô que interage conosco está compartilhando suas lições de vida e uma enorme riqueza de desafios vividos, perdas e ganhos que deixam valiosas lições. Aprendemos com todos, na relação com suas famílias, no amor que os avós dedicam aos netos e com a profunda afeição dos pequenos por eles.
Qual é a melhor coisa de ser avó?
Neto é um presente que recebemos da vida. Quando achávamos que havíamos experimentado todas as formas de amar, chegam os netos. É um amor sem necessidade de explicar, apenas para sentir.
Como você enxerga a importância da relação entre avós e netos para a formação das crianças?
O site tem centenas de histórias que retratam a grande dimensão dessa relação intergeracional. A criança que convive com os avós cresce mais feliz e confiante. É um fato já confirmado e reconfirmado inúmeras vezes. Temos muitos relatos dos próprios netos adultos sobre o que seus avós significaram para a formação deles, como os influenciaram e quanto devem a eles pelo que são. Além de textos e entrevistas com netos adultos, temos vários trabalhos de autoria de especialistas que dão um suporte além do emocional sobre essa importância. Os avós são mais experimentados, se sentem menos pressionados do que os pais e costumam ser o apoio desses netos durante toda a vida, com ensinamentos e com o seu próprio exemplo de vida.
Muito se fala sobre maternidade, mas a relação dos avós não é um tema tão recorrente. Por quê?
A sociedade brasileira ainda cultua a juventude. Embora essa percepção esteja mudando, os avós ainda são ligados erroneamente aos conceitos de coisas velhas e superadas. Falar do tema longevidade é uma pauta recente. O portal avŏsidade existe para atuar justamente nesse campo e diminuir essa carência. Nosso trabalho consiste em quebrar esse preconceito e falar da beleza e da importância de uma relação que interliga gerações, não apenas duas, mas três ou quatro gerações.
Como você sente a recepção de um público mais idoso ao conteúdo digital?
Muito melhor do que os jovens imaginam. Os avós de hoje são conectados. Devemos lembrar que quem hoje é avó ou avô, com raras exceções, já usava computador para estudar e trabalhar há mais de 20 anos. E não podemos esquecer que muita gente se torna avó ou avô antes de fazer 50 anos. Há uma parcela importante do nosso público que está nessa faixa de idade. Quer uma prova de que confiamos na boa relação do público mais idoso com o conteúdo digital? O avŏsidade já nasceu somente no meio digital. Nem cogitamos fazer uma revista impressa!
Alguma história em específico que você gostaria de destacar?
É difícil destacar só uma porque são tantas histórias muito especiais. Bem, vou escolher uma: o lindo relato de um neto que encontrou na avó o único apoio na família para assumir sua orientação sexual. O amor da avó pelo neto, verdadeiro e acima de qualquer preconceito, fez com que ele pudesse seguir em frente, ter uma vida feliz. Uma prova de que ser idoso não significa ser ultrapassado.
Se você pudesse dar alguma dica para as/os avós, qual seria?
Queridos avós, vocês não são os pais dos seus netos. Respeitem a orientação dos seus filhos em relação à criação que querem dar aos filhos deles, seus netos. Ponderem com cuidado quando avaliarem que a situação merece algum tipo de intervenção de sua parte. Lembrem-se também que seus netos têm pai ou mãe que não são seus filhos, e sim seus genros ou noras, que trazem para sua família a herança cultural das famílias deles. Não menosprezem este fato que causa tantos conflitos. E não tenham medo de assumir quando estiverem desatualizados. Usem isso como estímulo para se atualizar. As coisas mudam, as orientações sobre alimentação, saúde ou educação das crianças evoluem de uma geração para outra. Salvo uma ou outra exceção, o mundo caminha para a frente e para ser melhor.