Casa de Colorir

Ao mestre, com carinho

Em 2012 tive a oportunidade de cobrir a minha 1ª temporada de moda carioca para um prestigiado canal feminino. Nessa época, eu já mantinha o meu blog de decoração em paralelo, sempre apaixonada por design, forma, mobiliário, matéria prima… Então você pode imaginar o tamanho da minha felicidade quando, logo no 1º dia de evento, constatei que o grande homenageado daquela edição seria o Sergio Rodrigues, meu ídolo desde que eu fiquei frente a frente com uma poltrona “Mole”.

Sergio Rodrigues é um dos mais importantes (se não “o”) nomes do design brasileiro, reconhecido internacionalmente por móveis como a poltrona “Mole”, de 1957, exposta no Museu de Arte Moderna de Nova York. Feita de jacarandá e couro, venceu em 1961 o Concurso Internacional do Móvel de Cantù, na Itália, dando início à fama internacional do designer e arquiteto. Mas não foram os prêmios ou a fama que me trouxeram o encantamento por esse artista, mas sim sua essência brasileiríssima, que se reflete na força e na simplicidade das suas criações. “Será que um dia esbarro com ele por aqui?” – sonhava enquanto caminhava pelos corredores da riquíssima exposição montada num dos galpões do evento. Confesso que suas poltronas e histórias viraram meu refúgio durante todos os dias do evento. Se eu tivesse 5 minutinhos que fossem de folga, lá estava eu.

Foi então, no 4º dia de exposição, que eu cheguei lá e… sim, dei de cara com ele. Parei, observei, fui, voltei e finalmente tomei coragem. Venci a timidez e fui lá falar com ele. Que sensação maravilhosa é poder ficar frente a frente com seu ídolo e poder mostrar sua admiração. A voz baixa, calma, sempre acompanhada de palavras e frases ora doces, ora espirituosas. Abracei, peguei autógrafo e sai de lá de coração cheio, como qualquer pessoa que tem o privilégio de olhar nos olhos do seu ídolo.

Essa semana, com 86 anos de uma vida inspiradora, Sergio Rodrigues nos deixou. Mas seu legado fica. Seus móveis, sua forma, ficam. E, acima de tudo, fica também esse olhar orgulhoso e único sobre o que é nosso, que deve ser valorizado mais e mais. Viva a beleza, viva a forma brasileira, viva o design, viva Sergio Rodrigues, sempre. 

Com a palavra, ele:

Beijos,
Thalita