Arte em folhas: conheça o trabalho de Clarice Borian
A conexão entre entre e natureza é especial e é ilustrada por elementos que transmitem delicadeza e inspiração. Para representar essa ligação, vamos conhecer o trabalho de Clarice Borian e sua poética. Afinal, é impossível não se encantar por sua arte em folhas usando a técnica do bordado.
Clarice é uma artista visual, que estudou Antropologia e Administração de empresas. Mas a natureza e as poéticas têxteis são os dois campos que sempre estiveram em seu universo.
Além disso, conversamos um pouco com a artista para conhecer mais sobre suas dinâmicas criativas, o que a inspira e torna sua forma de arte ainda mais autêntica.
Quais são suas principais fontes de inspiração na hora de criar?
Para mim o mais importante é o trabalho ter um propósito; um conceito a ser explorado. Aí as ideias vão surgindo na medida que o trabalho vai acontecendo. Eu acredito que é o fazer que diz o que ser feito.
Processo criativo é algo muito particular, repleto de detalhes e peculiaridades. Pode nos contar como é o seu?
Criatividade são as soluções e possibilidades que surgem quando estamos explorando uma ideia que queremos realizar, pesquisar, aprofundar.
Natureza e delicadeza são duas marcas da poética das suas criações. De onde veio esse desejo de bordar em folhas?
Primeiramente, comecei a bordar folha durante a crise hídrica que houve em SP no ano de 2013. Em 2012 estava numa transição de vida, havia encerrado meu trabalho com moda, onde estive por 15 anos. Eu queria buscar um caminho mais próximo da arte. Em 2011 vivi uma experiência forte de conexão com uma árvore. Desde então elas passaram a ser minha área de interesse, minha pesquisa poética. Comecei primeiro um trabalho de desenho e fotos de árvores. No ano de 2013 veio a crise hídrica de SP, justo no momento que eu tinha me mudado para o Pacaembu (bairro verde de SP onde tem muitas árvores). E com a estiagem prolongada havia muitas folhas secas caídas, por onde eu andava tinham folhas caídas e as árvores estavam morrendo de sede porque não tinham água. Voltava para casa todo dia com muitas folhas lindas. Eram esculturaras maravilhosas que as árvores dispensavam. Como não podia dar água para as árvores, resolvi bordar a palavra GRATIDÃO em algumas folhas e pendurar de volta na árvore. Pois era minha forma de agradecer por elas existirem e meu jeito de dizer que eu sentia muito por tudo o que estava acontecendo.
O ‘Oráculo das Árvores’
Fui também distribuindo folhas secas com uma palavra bordada para os amigos e pessoas e conhecidas. Chamei de: Oráculo das Árvores – O que o vento sopra? Aos poucos esse trabalho foi ganhando força e visibilidade. Para mim ele é uma poética, meu jeito de me conectar com a natureza. Esse trabalho me levou a escrever o Oráculo das Árvores que é um livreto com 36 cartas que vão em uma caixa, onde cada palavra é associada a uma árvore nativa brasileira. Por isso, é um trabalho que eu gosto muito porque é profundo e sensível.
Qual o papel da arte na sua vida? Em quais momentos se sente mais conectada com ela?
Meu jeito de estar no mundo é ouvindo o que pulsa em mim e ao meu redor. É preciso estar atento às sutilezas do cotidiano para reconhecer o que nele há de poesia e magia. Quando nos permitimos olhar, encantados, para o mundo, um segundo transforma-se em eternidade; um pingo de chuva em um pote de ouro. A natureza é fonte inesgotável de poesia. Afinal, basta despertarmos os sentidos e sentir a magia que tudo permeia. Tudo brilha, tem profundidade, texturas, cores, aromas… basta estarmos atentos.
Por fim, agora que já conhece o trabalho repleto de detalhes da Clarice, explore também outras formas artísticas de mulheres e inspire-se. Temos um post especial com artistas para você seguir no Instagram. Vale o follow!