Maria Filó Blog | Dicas e Inspirações de Moda
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História de amor: Vanessa Campos, do Dress a Girl

Vestidas de amor de sobra

Com a Vanessa Campos, a vida é amor de sobra. Para dar, sem vender. E essa “sobra” vai além: dos tecidos de marcas de roupa reunidos por ela para confeccionar vestidos e aquecer corações de meninas em alta vulnerabilidade social ao redor do mundo. Embaixadora da ONG Dress a Girl Around The World em Portugal, a brasileira Vanessa hoje se dedica integralmente a esse lindo projeto que, junto com a ajuda da Maria Filó, ao todo já doou 500 mil vestidos a 81 países.

A vontade de fazer o bem acompanha Vanessa por longa data. Se no passado ela alfabetizou voluntariamente funcionários da faculdade onde estudava, hoje entrega o 1º vestido da vida de milhares de meninas. Ao mesmo tempo em que as protege e melhora autoestima delas, proporciona um novo propósito para a vida de senhoras que tornam-se costureiras do projeto.

Antes disso, trabalhou durante 23 anos no mercado financeiro, até ter condições de retomar os mesmos sonhos da juventude: fazer a diferença na vida de quem precisa. Para Vanessa, a vida não a satisfaz de só estiver boa para ela. Um desejo para o futuro? Alçar novos voos como piloto voluntária.

Que nem o céu seja o limite para essa mulher tão generosa, admirável e inspiradora!

Conta um pouco da sua trajetória para a gente.
Estudei Letras, fiz pós em Comércio Exterior e MBA em Finanças. Trabalhei 23 anos no mercado financeiro. E sempre amei viajar.

Quando e como decidiu se tornar ativista social?
Sinceramente não me considero uma ativista social. Eu só gosto de fazer o bem. Comecei a fazer vestidos para o Dress a Girl americano em fevereiro de 2016. Quando me mudei para Portugal, fui convidada para ser a embaixadora do projeto aqui.

Era uma vontade antiga ou te deu um “estalo”?
Eu sempre ajudei as pessoas que estavam a minha volta que tinham uma vida mais difícil que a minha. Fazer o bem me faz bem e não sei ser diferente disso.

Já começou no Dress a Girl?
Não. Comecei quando fazia faculdade. Na época um grupo de alunos tomou a consciência que era  um absurdo estudarmos em uma universidade  e termos funcionários analfabetos. Então reunimos alunos de várias áreas, o pessoal de Engenharia dava aulas de matemática, o pessoal de Letras cuidava da alfabetização, etc. Dávamos aulas para os funcionários do bandeijão, da limpeza e do jardim. Ali, há 30 anos, aprendi o conceito de solidariedade. A gratidão dos funcionários por não serem mais analfabetos me marcou para o resto da vida.

Você tem contato com as meninas que o Dress A Girl ajuda?
Quando viajo sim, tenho a oportunidade de entregar os vestidos pessoalmente a elas, mas fora isso não. Lidar com a realidade da África não é fácil e manter vínculos seria muito complicado.

Qual é a sensação de fazer parte desse projeto e ajudar tantas crianças?
Em 4 anos, sem receber qualquer tipo de apoio ou ajuda financeira, já distribuímos mais 50 mil vestidos 22 mil shorts em 30 países nos 5 continentes. A sensação de poder dar o primeiro vestido novo da vida de uma menina é uma delícia. Infelizmente, as meninas na África ainda são as menos favorecidas. Quando damos um vestido, muitas vezes temos que insistir, porque elas nem acreditam que os vestidos são para elas. Nós ainda tomamos o cuidado de colocar uma calcinha dentro de cada bolso e quando elas descobrem é uma alegria. A cereja do bolo!

Vestidas de amor de sobra

Você é mais feliz hoje? Esse encontro te mudou?
Mudou e muito, eu sempre tinha uma inquietude que me fazia pensar constantemente em alguma forma de fazer a diferença na vida de alguém. Eu sempre olhava a minha volta, porque a vida não me satisfaz se tiver boa só para mim. Hoje sei que fazemos a diferença na vida de muitas meninas que recebem seu primeiro vestido novo. Damos a elas proteção, dignidade e melhoria da autoestima. Paralelo a isso, fazemos a diferença na vida de centenas de senhoras que costuram estes vestidos. Proporcionamos a elas um novo propósito. Muitas dizem que não tinham motivo para acordar, para tirar o pijama ou para tomar banho e hoje acordam animadas para costurar os vestidos. Muitas destas senhoras relatam melhora de depressão, ansiedade e outras doenças afins. Hoje, além de estar em mais de 60 grupos espalhados pelo país, o projeto tem sido implementado em vários centros de idosos e alguns médicos já têm recomendado o projeto como terapia ocupacional. Então é muito bom saber que fazemos a diferença na vida de tantas pessoas.

O que aprendeu de mais precioso nessa jornada?
Aprendi que precisamos de muito menos para ser feliz. Na escalada da vida, nos impomos padrões compatíveis com nosso modus vivendi que, por melhor que seja, não lhe satisfaz se não fizer parte da sua essência. Quando pensei em sair do mercado financeiro, onde trabalhei por 23 anos, fiz uma reflexão do que eu queria quando tinha 20 anos de idade. Naquela época, eu já sabia o que queria, mas não tinha dinheiro para realizar. A vida nos envolve num ritmo louco e, quando a gente se dá conta, passou a ter ambições que não nos dizem nada. Então nada melhor do que retomar o que queríamos aos 20, sem grandes complicações.

O que inspira seu dia a dia?
Como diz a música do Almir Sater: “É preciso amor para poder pulsar… É preciso paz para poder sorrir”.

Como e quando foi morar em Portugal?
Eu e meu marido morávamos na Flórida e, como tenho cidadania portuguesa, em maio de 2016 decidimos fazer uma experiência de morar em Portugal por 1 ano. Eu já participava do projeto lá e decidi lançar aqui. Ele tem sido um sucesso. Em paralelo nos sentimos tão acolhidos que resolvemos vender a nossa casa e nos mudamos de vez para Portugal.

Como a pilotagem de avião entrou na sua vida?
Outro dia minha mãe me mostrou um desenho que fiz quando tinha uns 10 anos. Nesse desenho eu era piloto de um helicóptero e resgatava uma criança. Eu tenho um amigo no Rio que tem um pequeno avião e há 20 anos me levou para voar pela primeira vez, nunca tinha voado numa aeronave tão pequena, mas adorei e ia sempre que era convidada. Depois, casei com um piloto que é meu grande parceiro em tudo e ama aventuras como eu. Quando ele decidiu se aposentar, resolvemos realizar este sonho. Meu sonho é ser piloto voluntária, mas ainda não cheguei lá.

Uma frase…
Menos é mais.

 

 

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