Paris por Patricia Tremblais

“Uma das belezas que eu mais gosto daqui é poder acompanhar as estações e como a cidade – e o estilo dos locais – se transformam com essas mudanças. Um dos meus programas preferidos, além de ir a exposições e concertos, é estar em lugares fora do radar turístico e assistir às parisienses.” Quem fala é a editora de moda, Patricia Tremblais, sobre como Paris influencia na sua busca por referências no mundo da moda.

Franco-brasileira nascida no Rio de Janeiro, ela se mudou há poucos meses para a Cidade Luz, lugar que serviu de pano de fundo para a nossa campanha de Alto Inverno 24. Abaixo, confira os melhores momentos da nossa entrevista com Patricia Tremblais sobre esse novo momento de volta à Paris, sua relação com a moda, processo criativo, dicas de estilo e mais.

Queremos saber mais sobre você! Quem é a Patricia?

Eu sou franco-brasileira e nasci no Rio de Janeiro. Cresci num ambiente muito internacional e criativo. Em casa falávamos três línguas ao mesmo tempo. Quando pequena, amava criar ambientes que eu pudesse brincar dentro, tipo espaçonaves e casas mal assombradas. Fiz faculdade de Fashion Business em Paris e estágios inesquecíveis nos quais tive a oportunidade de aprender muito sobre o mercado, como no Dries Van Noten. Voltei para o Brasil e depois de mais de 10 anos trabalhando com moda entre o Rio e São Paulo – de stylist da Vogue a diretora de estilo no Shopping Cidade Jardim – agora estou de volta a Paris.

Como se deu sua relação com a moda?

Desde muito pequena eu gostava de entrar no armário da minha mãe escondida e provar as roupas dela – acho que ela nem sabe disso e vai descobrir agora. Mas a minha maior influência veio da minha avó materna, que era uma pessoa muito criativa e visual. Ela fazia roupas, bordava toalhas de mesa e pintava quadros e móveis. Ela me apresentou para esse mundo artístico de forma muito natural e era um sonho passar o dia do lado dela. Depois, quando eu era adolescente, acompanhava assiduamente as fotos de streetstyle das semanas de moda. Ficava horas vendo as imagens e entrevistas no Style.com. Ficava me imaginando um dia podendo ver aquilo ao vivo e sendo fotografada naquele ambiente também – o que eventualmente aconteceu.

Como funciona o seu processo criativo? O que te inspira?

Eu sou muito observadora e curiosa, então as minhas inspirações vêm de absolutamente tudo. Hoje em dia, com a saturação das redes sociais, eu me inspiro muito mais fora do celular. Até porque, me nutre demais estar num museu ou numa galeria de arte, então tento ir uma vez por semana. Nos finais de semana, eu também gosto de escolher um bairro para explorar e tirar fotos de tudo que acho interessante para depois pesquisar sobre. Isso muitas vezes leva para uma espiral infinita de novas descobertas.

Paris é uma cidade que respira moda, arte, arquitetura, gastronomia… de que forma a cidade tem influenciado na maneira como você busca suas referências?

Uma das belezas que eu mais gosto daqui é poder acompanhar as estações e como a cidade – e o estilo dos locais – se transformam com essas mudanças. Cada momento do ano tem um detalhe muito específico. Como um lenço curto amarrado no pescoço na primavera, marcando a saída do inverno e a chegada de dias mais quentes. Então um dos meus programas preferidos em Paris, além de ir a exposições e concertos, é estar em lugares fora do radar turístico e assistir às parisienses. Eu realmente me tornei a pessoa que tira foto de desconhecidos na rua quando eu gosto do estilo.

Você se mudou há pouco tempo para Paris. Que aspectos do Brasil você levou com você?

O meu lado solar. Os dias escuros de inverno não são tão agradáveis, então aprender a enxergar a vida de forma mais leve acaba transformado o meu ambiente. Curiosamente, eu escuto muito mais música brasileira estando aqui do que quando eu morava no Brasil. Porque ao mesmo tempo que traz um calorzinho de “casa”, é alegre e me faz sorrir.

Que dicas da cidade você daria para as nossas leitoras?

Eu criei um conteúdo especial para o Instagram da Maria Filó. Nele vocês vão ver dicas dos meus lugares preferidos em Paris.

Truque de styling preferido?

Eu gosto muito do estilo high-low, que é a combinação de uma peça mais arrumada com algo despojado. A ideia é sair do óbvio e usar durante o dia uma peça que você tem o costume de vestir só à noite. Como por exemplo, uma saia prateada com uma camiseta e um tênis.

Como você definiria seu estilo? Quais peças você considera atemporais no armário e que valem o investimento?

Eu gosto muito de acessórios. Na maioria das vezes eu penso primeiro no sapato, na bolsa ou no colar/brinco que quero usar e depois a roupa que vai junto. Mas o meu estilo varia muito com o meu feeling do momento. Pode ir de mais romântica a mais edgy, ou uma mistura dos dois, por exemplo. Por isso, na hora de comprar uma peça nova, eu sempre olho para o material e a composição, isso é o que vai ajudar a definir quanto tempo a peça vai durar no seu armário. Para mim o que não pode faltar no guarda-roupa é uma boa alfaiataria.

O que você tem assistido/escutado ultimamente?

Eu sou viciada em podcasts, escuto malhando, no metrô, até no banho. Gosto de estar sempre estudando e aprendendo. No momento, tenho ouvido o podcast The School of Greatness do Lewis Howes. São entrevistas sobre assuntos diversos, sempre com o objetivo de te ajudar a atingir o seu potencial máximo.